A grande maioria dos combatentes acaba seriamente machucada, mas os vencedores ganham o valioso direito de se reproduzir. Aos perdedores resta apenas se arrastar de volta às suas casas para ponderar sobre a vontade de nunca mais passar a vergonha de tentar cultivar um bigode de novo
As armas dos anfíbios em questão são chamadas de espinhas nupciais e são feitas do mesmo material que as nossas unhas, a queratina. As estruturas pontudas crescem através da pele do sapo e só caem no final da temporada de acasalamento, embora algumas vezes os espinhos possam se desacoplar durante o combate e forçar o lutador em questão a esperar que um novo cresça em seu lugar.
E, como se o bigode-arma não fosse o suficiente, o animalzinho ainda passa por outras transformações nessa época. Seus braços ficam consideravelmente mais musculosos, o que, segundo o biólogo evolucionista Cameron Hudson, serve tanto para ajudar nas lutas quanto na hora de mandar ver com sua parceira, segurando ela com força na posição certa.
Além disso, a pele deles se torna muito mais solta, dobrada e enrugada. “Achamos que essa transformação os ajuda a ficar mais tempo dentro da água (já que o acasalamento, combate e proteção do ninho são subaquáticos) ao aumentar a absorção de oxigênio pela pele ao expandir sua área de superfície”, diz Hudson.
Uma vez que as sangrentas batalhas pelos melhores ninhos terminam, os vitoriosos se estabelecem e esperam pelas fêmeas, cantando quando elas aparecem. Quando uma delas se interessa, ela se aproxima e gentilmente bate no queixo dele com sua cabeça, como quem diz “não sou uma daquelas garotas que odeiam bigodes”. Ele então leva sua parceira para conhecer suas instalações.
Quando eles finalmente decidem que é hora de se entregar, o macho agarra o quadril da companheira e se vira de lado. Conforme ela vai lançando seus ovos, eles os fecunda e gruda no teto do ninho. O par vai fazendo isso enquanto roda, dando origem a um conjunto de ovos em forma de rosquinhas.
Curiosamente, se um casal já concluiu seus finalmentes e outro macho consegue expulsar o dono do ninho, o novo proprietário não destrói os futuros descendentes de seu rival. Embora isso seja estranho do ponto de vista evolutivo, já que os filhos do outro vão competir com os seus, Hudson teoriza que isso pode acontecer porque as fêmeas preferem ninhos que já tem ovos, já que isso pode ser sinal de um bom parceiro, entre outras possibilidades.
Uma vez que os tempos de sangue e sexo tenham chegado ao fim, as fêmeas simplesmente vão embora e deixam a cambada de musculosos cuidando da prole. Eles estão passam uma quantidade de tempo considerável se esfregando nos ovos, o que Hudson explica dizendo que “talvez o instinto protetor dos machos simplesmente seja realmente forte”.
E é assim que os mesmos Sapos de Bigode de Emei que brutalmente mutilam seus concorrentes muitas vezes acabam carinhosamente criando os filhos dos rivais como seus próprios.
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